.
.
.
.
Pacientes portadores de lesões
medulares com perda do controle motor em tronco, quadril e membros
inferiores, não deveriam receber prescrições de órteses mecânicas
convencionais com cinto pélvico (HKAFO´s), pois sabemos que a
chance de conseguir um ortostatismo seguro e uma marcha funcional
é ínfima. Esta afirmação é comprovada pelo alto grau de abandono
destas órteses por seus usuários, após algumas tentativas
frustradas durante a reabilitação. No entanto, pacientes
paraplégicos com lesões medulares não devem desanimar ou perder a
esperança de um dia poder novamente andar. Estes também não podem
ficar sentados em suas “confortáveis” cadeiras de rodas esperando
por um milagre da ciência. Há décadas, órteses de reciprocação,
foram projetadas e desenvolvidas justamente para permitir marcha
funcional, ou seja, marcha com gasto baixo energético e eficiente
velocidade de marcha (foto 1). Além disto o ortostatismo e a
marcha promovem outros benefícios, tais como, redução da
reabsorção óssea, das escaras de decúbito, da espasticidade, das
deformidades osteoarticulares e da reincidência de infecções
urinárias, melhora da circulação periférica, do funcionamento
intestinal e da auto-estima.
Dentre as órteses de
reciprocação destacamos o PARAWALKER, concebido para pacientes
portadores de mielodisplasia e traumatismo raquimedular
compreendido entre os níveis T2 e L1. Uma característica
importantíssima nas órteses de reciprocação é a rigidez lateral, o
mecanismo reciprocador e a base de sustentação. Estas
características são bem marcantes nesta órtese, justificando o
menor índice de gasto energético e maior estabilidade na posição
ortostática, quando comparada com outras órteses de reciprocação
(foto 2).
Dotada de uma estrutura biomecânica bem
estruturada, o PARAWALKER permite uma marcha sincronizada de
quatro pontos, conseguida através de uma inclinação lateral e
movimento de “remada”, com uso de bengalas canadenses (foto 3 e
4). As articulações do quadril permitem, mesmo quando bloqueadas,
uma amplitude de movimento controlada, permitindo durante a
passada uma flexão do quadril homolateral e extensão do quadril
contralateral, resultando em uma marcha recíproca. O paciente
também consegue manter-se em pé sem apoio dos membros superiores,
pois nesta posição o vetor de reação ao solo, projeta uma linha
que passa atrás de eixo de rotação do quadril e a frente do
joelho, criando um momento extensor para estas articulações.
Pequenas deformidades como pés em planti-flexão, flexo de joelho,
luxações coxo-femorais e escolioses estruturadas podem ser
compensadas durante a confecção da órtese, porém, a indicação fica
restrita a pacientes com até 1,90 metros de altura e peso de até
90 kg.
O trabalho na reabilitação de um lesado medular
deve ser realizado por uma equipe multiprofissional somada a garra
e perseverança do paciente e ao apoio familiar. Com certeza,
graças ao trabalho de uma equipe somada as órteses de reciprocação
, encontraremos pacientes paraplégicos, antes prisioneiros de suas
próprias cadeiras, realizando marcha funcional em ambientes
externos.
.
Retornar.
.